O ESPINHO DA CIDADANIA

 FOTO DE DANIEL PEREZ BUSTO 2000

A discussão do exercício da cidadania, por vezes, ganha força em momento correlacionado com as proximidades de pleitos eleitorais. Mas isso é apenas uma fatia, pois se dependesse da grande mídia, resumir-se-ia, a cidadania, ao simples: exerça sua cidadania, vote! Ainda assim, não provem tal situação da Revolta do Monte Sagrado, encabeçada pelos plebeus por volta de 490 a.C. a exigir seus direitos no Tribunato da Plebe.

Se entendermos por cidadania a vaga missão do voto, consequentemente a capacidade dialética que nós portamos, seria minimizado ao botão verde. Agora, se pensarmos, pelo contrário, retomando a dialética, a participação biopsicossocial, a consideração de cidadania ganha vida e fica menos mecanicista.

Aos bípedes, consolados pela conquista de seus desejos e reconhecidos por códigos de barra, a cidadania do cartão de crédito é o abridor das mentes enlatadas. No mundo de alguns bípedes, a faixa de pedestre, respeito às adversidades ou lixo reciclável, não está na lista de cidadania. Mas alguém pode indagar: onde anda esta lista que eu nunca vi? A lista anda por ai, não é de papel pardo ou A4, ela também não tem nacionalidade. Pode-se encontrar com ela quando se dobra a esquina e vê a criança no resgate do papelão pra vender; mas a indiferença, trata de cegá-lo. A lista não requer assinaturas, requer ações, e não importa o tamanho. Cidadania, para crescer num mundo menos hostil, pode ser mais dolorido que a morte de um Maltês.

Maycon Mateus Alves, historiador, FEUC, edita o MANDACARU.

 

 

 

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